O QUE A PERDA DE UMA CRIANÇA CAUSA NOS PAIS PSICOLÓGICA E BIOLOGICAMENTE

A perda de um filho pode ser o pior trauma que um ser humano pode experimentar. Embora não seja uma experiência comum, o terrível potencial de mortalidade infantil é grande. No Brasil, assim como na maioria dos outros países, a taxa de mortalidade está reduzindo a cada ano. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a mortalidade infantil no Brasil segue em declínio. Em uma década (1998 – 2010) passou de 33,5 crianças mortas por mil nascidas vivas para 22. Embora tranquilizadores, os números também deixam claro por que esse tipo específico de perda é tão temido, tão doloroso e tão estigmatizado.

Obviamente, a morte de uma criança é considerada o pior fator de estresse que uma pessoa pode enfrentar, afinal de contas pelo fato de os pais se sentirem responsáveis pelo bem-estar da criança e, quando o perdem, eles não estão apenas perdendo uma pessoa que amavam. Eles também estão perdendo os anos de promessa que esperavam.

A morte de um filho, pequeno ou crescido, geralmente é encarada como antinatural ou a que fica para além da ordem natural da vida. Pais em luto sofrem grande impacto no equilíbrio emocional, desenvolvendo patologias de foro psquiátrico, tornando o processo de luto mais prolongado.

Não raro, dentro das fases do Ciclo do Luto, algumas manifestações dolorosas, como a tristeza, a culpa, a ansiedade e o medo podem permanecer para toda a vida. Apesar de se revelarem em graus mais ou menos elevados, e de se tornarem cada vez menos frequentes, estas manifestações persistem, nunca chegando a desaparecer totalmente.

IMPACTOS BIOLÓGICOS: COMO A MORTE DE UMA CRIANÇA MUDA O CORPO DOS PAIS

Em 2018, Frank Infurna e colegas analisaram a saúde geral e o funcionamento físico de 461 pais que perderam filhos ao longo de 13 anos. “Vimos algum declínio, seguido por uma recuperação geral, ou recuperação, ao longo do tempo”, disse a Fatherly Infurna, que estuda resiliência aos principais estressores na Universidade do Estado do Arizona. O funcionamento físico se concentrava na capacidade de realizar várias tarefas diárias, e “não vimos muitas mudanças nisso”, lembra Infurna. Mas quando ele revisou os auto-relatos de pais enlutados – se eles sentiam que ficavam doentes com frequência ou se esperavam que sua saúde melhorasse ou piorasse – ele encontrou percepções de saúde piores.

O trauma da saúde mental de perder um filho pode desencadear sintomas físicos, incluindo dores de estômago, cãibras musculares, dores de cabeça e até síndrome do intestino irritável. Um punhado de estudos descobriu ligações mais tênues entre luto não resolvido e distúrbios imunológicos, câncer e mudanças genéticas de longo prazo no nível celular.

Um impacto surpreendente, freqüentemente visto entre os pais que lamentam a perda de um filho, é conhecido como síndrome do coração partido – uma condição que se apresenta estranhamente como um ataque cardíaco clássico.

Além disso, o estresse crônico pode até afetar o funcionamento do cérebro, já que a exposição de longo prazo ao hormônio do estresse cortisol tem sido associada à morte de células cerebrais. Isso pode explicar por que pais enlutados desenvolvem distúrbios alimentares e do sono após a perda.

Pais enlutados devem procurar imediatamente após a perda apoio psicológico para receber amparo e orientação profissional.

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